sábado, 14 de julho de 2012

Verde-água




Habito paredes nuas
nos corredores da memória. Sou
neblina
sílaba vagarosa
aguarela de pássaros
e vinha-virgem
véu de buganvílias
debaixo deste alpendre
onde o tempo pára. Descalça
parto por entre o emaranhado das folhas
transponho a doce luz aberta nas sombras. Nítida
a crescente harmonia do silêncio. Abrigo-me
no azul esvoaçante. Desperto
leito
rio
pedra
espuma.
E lá
no verde-água distante
onde moram as gaivotas
clareia o poema
em círculos de céu
e de vento.

Chamam por nós.

BL

2 comentários:

  1. Que bela luz que irradiou destas letras.
    Bela forma, como se o desenho da escrita fosse também ele uma fonte de sensualidade.
    Gostei, vou voltar.

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  2. Não deixa de ser curioso o facto de chegar a um blogue português através do Brasil. Mas foi o que aconteceu.
    Gosto da poesia que se faz por aqui, com muita sensibilidade à solta...

    Bj

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