segunda-feira, 9 de outubro de 2017
domingo, 8 de outubro de 2017
De ti sei agora muito pouco
De ti sei agora
muito pouco. Sei a tarde
mansa
a rua ferida de ausência
soluçada
e a minha mente presa
a horizontes de ternura.
Junto aos meus olhos
palavras arrastadas
perguntas por fazer e a
distância
imutável da tua voz que
[ ao acaso ]
se quisesse entranhar
pela raiz das coisas
que transitam entre o
sangue e as memórias.
Sobrevivem os verbos que
relembram
entendimentos ou a
geografia da claridade. Pousam-me
no presente
vivem-me por dentro
e
por momentos
vestem-me de tempos
como quem me despe da
saudade.
BL
08.10.17
sábado, 7 de outubro de 2017
Na transparência das águas
Cinjo-me ao rio que flui
fundo e claro
pelos meandros da minha
infância.
Regresso ao açude e às
pedras
macias e lisas
como se fossem o tempo a
deslizar
na transparência das
águas.
E os ecos a flutuarem.
Na superfície líquida
as fantasias do primeiro
amor.
Nesse tempo
todo o corpo podia ser
composto
de silêncio. Nos olhos
nasciam horizontes limpos
e as vozes eram
imaculadas
porque ainda não
existiam manchas
no meu vocabulário.
E a minha verdade era toda
aquela
em que os meus olhos
largos
sabiam acreditar.
BL
07.10.17
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