sábado, 7 de outubro de 2017

Na transparência das águas

Cinjo-me ao rio que flui
fundo e claro
pelos meandros da minha infância.

Regresso ao açude e às pedras
macias e lisas

como se fossem o tempo a deslizar
na transparência das águas.

E os ecos a flutuarem.

Na superfície líquida
as fantasias do primeiro amor.

Nesse tempo
todo o corpo podia ser composto
de silêncio. Nos olhos
nasciam horizontes limpos

e as vozes eram imaculadas
porque ainda não existiam manchas

no meu vocabulário.

E a minha verdade era toda aquela
em que os meus olhos largos
sabiam acreditar.

BL
07.10.17

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