domingo, 25 de setembro de 2016

Setembro no teu rosto

Olhamo-nos fixamente
a sentirmo-nos indefesos por dentro
da limpidez do olhar.

As mãos a procurarem
marcas de uma verdade moldada
num clarão que rasgou o corpo

e eu impreparada
para o estranho rosto do silêncio.

Porque tudo gera silêncio
à nossa volta

aves pedras vento
e as palavras são meras conjeturas mastigadas.

Frente à casa
as árvores da memória
pilares daquele tempo em que a luz

se estende e desloca para o sono da terra a brevidade
das folhas mortas.

Olhamo-nos fixamente. E sob setembro a decair
cai a sombra no teu rosto
como um espelho. Como um espelho.


BL
24.09.16

sábado, 10 de setembro de 2016

Era uma vez o tempo...



Rodavas sobre o teu eixo
num esforço circular para não
atravessares a verdade.
Tinhas o tempo parado na distância
e o sorriso
entre sílabas náufragas e rituais de ausência.

_ Era uma vez o tempo...

e ainda assim
segui o corpo do vento
a guardar sombras no coração das aves
e a entranhar a luz no exílio do teu olhar.

_ Era uma vez o tempo...

e a minha voz a
tropeçar na face magoada do verso
quando a tarde era somente
uma página
nas minhas mãos.

BL
10.09.16