quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O que já não nos podemos dizer









Atravessar a praça
como quem atravessa um deserto
dentro de nós.

A habituação da voz a inclinar-se
para a foz das reminiscências.

Um livro pousado ao acaso
sobre a mesa

páginas em branco
reféns da mutabilidade das palavras
ou talvez da imobilidade das mãos.

Passaram séculos sobre nós.

Não sei hoje qual a cor
que prevalece nos teus olhos.

Sei a dor
que não esmorece nos meus.

BL
14.02.17