terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Na lucidez da noite

Atravessar círculos concêntricos de ventos
e de escuridão.
Escutar a pulsação do silêncio
e a solidão
na oscilação das árvores.

Olham-me paredes em branco
e as ausências sobram-me
nos espaços de formas
arbitrárias

preenchidas por linhas imprecisas
quase indecifráveis.

E ao mesmo tempo
o peso do puzzle a espartilhar o pensamento
a dor acostada ao gesto adormecido no refúgio da noite.

A casa adiada. A pedra inocentemente
perdida na inclinação da vertigem.

Ou na migração das manhãs.

BL
11.02.18

sábado, 3 de fevereiro de 2018

A exaustão pendurada no rosto

Estar na beira do sopro e estender a palavra
para além do tempo.
Entre a superfície lisa do esquecimento
e a resistência da pele
a amaciar a queda. A contornar os extremos
em desequilíbrio.

Outras vozes. A sugerirem poeiras
indefinidas
histórias de que não existem vestígios.

A espessura da memória
para além do tempo.
A materialização do vazio
no silêncio da paisagem. O fôlego improvável.

Como se a exaustão
pendurada no rosto fosse a última
coisa de vida.
Para além do tempo.

BL
03.02.18