quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Poema em branco


Espero-te no limite

da brevidade. Porque “em breve”

é um espaço vasto

vago

e os olhos

resvalam para o tempo húmido

que se projeta da raiz das nuvens.



Breve foi a vertigem que atravessou

o mistério da luz.

Saboreei a profundidade do vento

a cadência da manhã por dentro das árvores



[ os frutos ainda por amadurar ]



Tombaram as folhas

arrastadas pelas águas que correram

ao invés. Esboços de todas as ilusões.



Traços rasurados na penumbra

da pedra. A deslizar rente à parede

em branco

à procura de uma porta

que a viesse buscar.



BL

07.10.14

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Tudo em mim...




Tudo em mim precisa reacender

a memória e

regressar ao teu nome.



Nunca é tarde demais

para reaprender o lugar suspenso

onde as esperas resistem. Luzes espelhadas

no rio



momentos de onde escorre um luar

intenso que também

te pertenceu.



Tudo em mim

é presença. Barcos que dormem



na limpidez do horizonte

que os sonhos tocam.







Habitam-me as folhas que piso

e o inverno prepara para a morte.



Tenho apenas versos brancos a procurarem

refúgio na luz crepuscular.



Tudo em mim são ruas sem rosto

onde os verbos adormecem

no corpo da tarde.



Tudo em mim precisa

aquietar a memória. O tempo

é um deserto.



BL

02.10.14