Se eu chegar tarde à primavera,
mostra-me onde fica a luz que resta
do inverno que dói
nas fendas da pele,
ou do vento
que geme ladainhas inexatas.
Se eu chegar tarde à primavera,
mostra-me onde fica
a chama da manhã no exílio dos pássaros,
ou então o silêncio profundo
da fusão das almas, na mortalidade
do tempo breve em que germina a sede
inútil e imprecisa, que antecede
o verão que há de chegar.
BL