Debruço-me
sobre o rio e escrevo
pontes
dentro de mim.
Penso
em nós
límpidas
palavras de água a tocarem-nos os rostos
caminhos
invisíveis
a
transporem as margens.
Na
ponta dos meus dedos, o rio
é
voo impossível onde me abrigo.
Viagem
inconfessa do coração dos pássaros.
Deixo-me
tocar pelo silêncio das horas
e
tudo chega e existe junto de mim.
Repouso
os olhos cansados
nos
barcos demorados na espiral do poema.
Canções
antigas. Fascínios que dormitam.
Desarrumo
as memórias pelo céu.
É
necessário partir
e
anunciar as sementes da manhã.
BL
06.06.14