Não olhes para o limite do chão.
O que há ali
senão a promessa de um fim?
Um contorno imposto
uma linha fabricada pela urgência da contenção.
Não olhes para o limite do chão.
Porque há um outro espaço
onde a pele respira sem nome
onde a vertigem pode ser
voo sem destino.
Há uma fissura no tempo
uma fresta por onde escorre a memória.
Um grito sem forma
a rasgar a carne do silêncio.
O chão não é a resposta.
Nunca foi.
O chão é só um eco
um reflexo
um palco onde o medo ensaia os seus passos
enquanto a luz é dança
livre
leve
num horizonte
em fogo.
BL
03.06.25
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