terça-feira, 3 de junho de 2025

Não olhes para o limite do chão

 






Não olhes para o limite do chão.

O que há ali

senão a promessa de um fim?



Um contorno imposto

uma linha fabricada pela urgência da contenção.



Não olhes para o limite do chão.

Porque há um outro espaço

onde a pele respira sem nome



onde a vertigem pode ser

voo sem destino.



Há uma fissura no tempo

uma fresta por onde escorre a memória.

Um grito sem forma

a rasgar a carne do silêncio.



O chão não é a resposta.

Nunca foi.



O chão é só um eco

um reflexo

um palco onde o medo ensaia os seus passos



enquanto a luz é dança

livre

leve

num horizonte

em fogo.






BL

03.06.25







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