terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Entre as margens onde o vento se afia


 




entre as margens onde o vento se afia

erguem‑se passos antigos
ecos de batalhas que nunca aprenderam a morrer.

alguém murmura:

coloca a noite sobre a pele
deixa que o lume secreto dos ossos
te conduza pelos corredores do invisível.

há um rumor de aves que não dormem
um pulsar escondido no fundo da água
como se cada gota guardasse
a memória de um voo interrompido.

e tu segues —
com o silêncio a abrir caminho
com a sombra a ensinar-te
que toda a viagem é também ferida
e toda a ferida [se escutada]
é uma porta para o regresso do mundo.




BL

30.12.25









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