quando a tarde se abre no corpo das horas
derrama o ouro lento sobre os telhados
[um sopro de calor
na respiração das pedras]
os passos tornam-se rios
que deslizam na pele da cidade
e alonga-se cada sombra
como se buscasse o repouso do vento
há um rumor de frutos
que amadurece no silêncio dos gestos
um destino suspenso
que se escreve na claridade dos olhos
o tempo esse viajante de fogo
desenha horizontes na memória
e oferece ao instante
a vertigem de um sol que se inclina
então a tarde curva-se
no abismo das sílabas
e o poema ardente e secreto
cresce como um incêndio nos seios
até que o universo se recolha
na inocência de um novo crepúsculo
BL
08.12.25
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