sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Da terra

 





No seio das raízes ocultas
gravadas no ventre da pedra
surgem germes imperturbáveis
que se prendem à pele do mundo

densos fragmentos de palavras
sortilégio de um silêncio fértil

onde cada semente repousa
a aguardar o momento da explosão vital.

 

Sobre mim

o peso imóvel da montanha
um rumor profundo de minerais
dispersos no ar

partículas que flutuam
sem o consolo da água.

 

O horizonte ergue-se em rocha maciça
aprisiona o sopro do fogo
que se move
inquieto
sob a superfície.

 

E os silêncios tornam-se muralhas
os ecos antigos desfazem-se em pó
fino e persistente.

 

E a voz telúrica
forte e ancestral
insiste em multiplicar-se
reverberando através das entranhas da terra

testemunhando a permanência
e a renovação silenciosa
no âmago do ser.








BL
12.12.25









 

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