quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Apenas estão

 





Quando o sol me chama
numa manhã de inverno
as árvores

despidas

respondem primeiro


com os seus braços nus
erguidos em prece

ou em protesto.

 

Não há folhas a esconder segredos
nem sombras

a disfarçar o tempo.


Só o tronco

a pele rugosa
e o silêncio

a crescer entre os galhos.

 

Elas não pedem nada.


Apenas estão.
Como quem já aprendeu
que a beleza também mora
naquilo que se perdeu.

 

E eu

olho-as

assim
a sentir a força que existe no despojamento.


E sinto que talvez o sol me chame
não para me aquecer
mas para me lembrar
que existe vida

mesmo na espera.




BL

03.09.25





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