Quando o sol me chama
numa manhã de inverno
as árvores
despidas
respondem primeiro
com os seus braços nus
erguidos em prece
ou em protesto.
Não há folhas a esconder segredos
nem sombras
a disfarçar o tempo.
Só o tronco
a pele rugosa
e o silêncio
a crescer entre os galhos.
Elas não pedem nada.
Apenas estão.
Como quem já aprendeu
que a beleza também mora
naquilo que se perdeu.
E eu
olho-as
assim
a sentir a força que existe no despojamento.
E sinto que talvez o sol me chame
não para me aquecer
mas para me lembrar
que existe vida
mesmo na espera.
BL
03.09.25
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