terça-feira, 16 de setembro de 2025

poema de segunda-feira


 



um sopro de vidro estilhaça
o tempo

escorre em véus
entre os dedos

que já não tocam


a memória descalça

caminha
pelo chão onde o azul

se esqueceu

 

há um eco

que não se cala

no fundo

da chávena vazia


o corpo desaprende

o gesto
e a sombra

aprende a ficar

 

a casa respira em branco
os móveis fingem presença


a luz hesita

no contorno
da ausência

que se senta

 

um gato observa

o nada
com olhos de quem sabe
que o mundo se parte
sem ruído





BL

16.09.25









Sem comentários:

Enviar um comentário