sábado, 6 de setembro de 2025

A sombra do vento na cortina da manhã

 



O vazio dança entre as paredes.

 

A luz a entrar

oblíqua

pela cortina rendada.

 

O ranger do soalho conta histórias
e o relógio murmura os minutos

com voz de avô.

 

O eco de passos que já não voltam
e o aroma quente que abraça os móveis

 

O café a fumegar

na chávena de porcelana gasta.

A memória da tua mão

a servir-me
e o teu riso

a morar no silêncio da casa.

 

O cheiro de domingo

[bolo de laranja e café forte]
a cozinha cheia de sol

e saudade.

 

A saudade.
Um bordado antigo

no encosto da cadeira.





BL

06.09.25





Sem comentários:

Enviar um comentário