domingo, 7 de setembro de 2025

Quando os corpos calam as estações

 






É assim o mapa da ausência.


Desenha caminhos

com dedos trémulos
mas esquece

os nomes das cidades.

 

É assim o corpo sem norte.

 
Carrega o peso das estações
sem saber onde começa o inverno.

 

É assim o corpo sem casa.

 
Veste paredes

como quem procura abrigo
mas encontra somente o frio de móveis esquecidos.

 

As mãos procuram o que já foi dito
mas apenas encontram o eco dos gestos.

 

É assim o tempo do corpo.


Marca os dias com rugas suaves
e os sonhos com calendários rasgados.

 

São assim o corpo e o tempo.

 
Na penumbra das horas quebradas
cultivam silêncios

como flores secas
e esperam que a memória os regue.





BL

07.09.25





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