Começo pelo telhado
porque é lá que o céu me toca.
Lanço as telhas ao vento
e elas pousam como pássaros
à espera do teu regresso.
Não sigo planos
não obedeço à gravidade das ideias.
Primeiro o que sinto
depois o que faço
e só então [talvez] o que penso.
As vigas vêm depois
como braços que aprendem a abraçar.
A base sobe devagar
como quem aprende a ser chão
depois de ter sido nuvem.
As leis do mundo não me servem.
As minhas estão por escrever
com tinta feita de instinto
e papel arrancado ao tempo.
Construo ao contrário
porque só assim posso ser inteira.
Começo pela casa que me protege
e acabo no rascunho que me revela.
Se vieres
traz contigo o silêncio e a coragem.
Ajuda-me a ordenar este caos
onde tudo está fora de lugar
mas tudo me faz sentido.
BL
01.09.25