As
palavras não pedem licença.
Caem.
Como cinzas sobre a pele nua do tempo.
Ficam.
Gravadas a ferro quente na carne branca da página.
Sem perdão.
Sem regresso.
Caem.
Como cinzas sobre a pele nua do tempo.
Ficam.
Gravadas a ferro quente na carne branca da página.
Sem perdão.
Sem regresso.
Disseram-me:
“Não abras o livro que sangra.”
Mas eu abri.
Com dedos trémulos e olhos em febre.
E lá estavas tu
em cada linha que me queimava a memória.
O
escritor avisou:
“Não escrevas. A tua dor é demasiado bela.”
O alfarrabista gritou:
“Queima tudo, ou serás devorada pelas vozes!”
E eu
obediente
rasguei cada verso que me tocava.
Mas a tinta ficou nas mãos.
E as mãos ficaram em mim.
obediente
rasguei cada verso que me tocava.
Mas a tinta ficou nas mãos.
E as mãos ficaram em mim.
A
folha vincada a quente.
A folha vincada a quente.
Repito
como
quem reza
como quem tenta apagar o nome do desejo.
Fui ter contigo como o sal vai à
ferida.
Como o silêncio invade o quarto depois do grito.
Como o mar engole o rio e nunca o devolve.
Agora
pesam-me os olhos.
BL
22.08.25
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