domingo, 18 de agosto de 2013

A metamorfose do fogo



Há um lado arrastado
hoje.
Molda a linguagem do sorriso
risca o azul de um céu
ocupado pela informe passagem da Lua
corpo inexplicável de ausências e memórias.

E os melros. Testemunhas da tarde a arrumarem o tempo.

E a dizerem-me de ti.

[ em teus olhos
de silêncio
a inocência
de palavras inequívocas ]

P’ra lá dos girassóis
a suspensão da luz
na imóvel floração dos aloendros.

E a vastidão da cal.
A metamorfose do fogo

na branca ondulação das borboletas.

A dizerem-me de ti.

[ aqui
entre a lenta desconstrução das horas
e a (in)quieta reconstrução dos dias ]

BL

4 comentários:

  1. Na verdade há azuis

    mais claros que os céus

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  2. Um constante processo de transformação

    que invisivelmente nos mobiliza

    ao foco da luz do sentir

    que nos liberta em amplitude...

    Sempre um belo voo poético!

    Beijinho, Brígida.

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  3. Há por aí expressões que seduzem. Como esta: "E os melros. Testemunhas da tarde a arrumarem o tempo". Coisa linda, Brígida.

    Beijo :)

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  4. "[ aqui
    entre a lenta desconstrução das horas
    e a (in)quieta reconstrução dos dias ]"
    Profundo e envolvente! De repente somos o fundo e a borda de nós mesmos.

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