terça-feira, 14 de agosto de 2012

Húmus



Damo-nos as mãos e a leveza do chão
acende-nos sorrisos novos nos passos.

O tempo solta-se de mim
sentado num qualquer degrau
de uma trajetória inteira
que se assume única e verdadeira.

O rumo é agora o ramo de girassóis
espalhados sobre a mesa
e um mar espelhando luas
fertilizando sóis.

Há uma linha verde que te acena e te segreda quem és
a energia que te aquece
o que te faz partir
as sementes que tens
para lembrar.

 Moldas no teu gesto o movimento certo
em que te permites dizer o que te trouxe
até aqui
e onde eternizar as marés do teu olhar.

Longo é o caminho
longo.

Envolvo-me nas tuas cores
sigo o teu caminhar
corro a teu lado
pássaro
vento
borboleta azul
canção de embalar.

E o rio flutua
suspenso da liquidez da voz
que às vezes foge
às vezes voa.

Nele vagueiam silêncios
entre as pedras polidas que refletem o verde do céu
e nomes de aves soletram a força das ausências.

Nele repousam as lembranças
que atravessam as margens e clareiam as sombras
para reunir a casa
e reconstruir o tempo.

BL




2 comentários:

  1. Gosto muito desse sentir, Brígida, traduzido num olhar abrangente e profundo...
    Grande poema!

    Beijo :)

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  2. A beleza de um começo
    de passos de luz,
    Nasce a beleza entre as margens
    onde o caminho é uno com a alma.

    Muito bela, a tua poesia,

    Beijo

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