sábado, 12 de julho de 2025

Van Gogh mordeu-me

 





Dançam os girassóis na boca do lume
pinto com dedos de sombra
os traços impronunciáveis.


São memórias em carne viva
folhas abertas sobre o peito
onde o tempo repousa e sangra.


Dizem que o amor é só miragem
mas eu vi estrelas acesas
nos olhos de quem ficou


e em cada pétala tremem
as promessas que a noite engole
quando o desejo se curva à ausência.


Componho altares de silêncio
e entre cada beijo por inventar
a chama soletra o teu nome.


Van Gogh sorri do fundo da tela.


É preciso ser flor para entender
aquilo que a luz guarda no seu grito.




BL

12.07.25





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