sábado, 3 de maio de 2025

Sob a engrenagem das marés

 






Pressinto um frio sem refúgio

nesta vertigem das palavras

casa incerta

quando as noites acordam

e atravessam manhãs encandeadas de crepúsculos.

Às vezes feitos de lâminas

lugares de ventanias onde estala a tempestade.


Os dias revolvem-se

em gestos de esquecimento


alinham-se no tempo

sob a engrenagem das marés.


As palavras

aves exiladas

deslizam pelos estilhaços da luz

num voo sem abrigo

até se desfazerem em ervas daninhas

onde a memória se escreve

a sangue e vento.


E entre os rastos do dia

sopram cânticos de cinzas

vozes de um horizonte afundado na garganta das horas.




BL

03.05.25









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