Pressinto um frio sem refúgio
nesta vertigem das palavras
casa incerta
quando as noites acordam
e atravessam manhãs encandeadas de crepúsculos.
Às vezes feitos de lâminas
lugares de ventanias onde estala a tempestade.
Os dias revolvem-se
em gestos de esquecimento
alinham-se no tempo
sob a engrenagem das marés.
As palavras
aves exiladas
deslizam pelos estilhaços da luz
num voo sem abrigo
até se desfazerem em ervas daninhas
onde a memória se escreve
a sangue e vento.
E entre os rastos do dia
sopram cânticos de cinzas
vozes de um horizonte afundado na garganta das horas.
BL
03.05.25
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