domingo, 4 de maio de 2025

No desacato do desencanto

 




No desacato do desencanto

a árvore veste-se de insubmissão

desafia o vazio

e faz do abismo a sua morada.



Uma fúria silente

arrasta ruínas

sussurra segredos

em dialetos de nuvens.



As horas dançam

com fantasmas de fogo

o tempo joga aos labirintos

o infinito desaba

em espirais vertiginosas.



Peixes deslizam

nos espelhos partidos

e as sombras sorvem

vagarosas

a luz desfeita.



No desacato do desencanto

sou cúmplice de asas

trémulas

de mares que rugem

em sentido inverso.



E é nesse caos

nesse vórtice de absurdos

que o desencanto renasce

ofegante

e feroz.







BL

04.05.25






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