No desacato do desencanto
a árvore veste-se de insubmissão
desafia o vazio
e faz do abismo a sua morada.
Uma fúria silente
arrasta ruínas
sussurra segredos
em dialetos de nuvens.
As horas dançam
com fantasmas de fogo
o tempo joga aos labirintos
o infinito desaba
em espirais vertiginosas.
Peixes deslizam
nos espelhos partidos
e as sombras sorvem
vagarosas
a luz desfeita.
No desacato do desencanto
sou cúmplice de asas
trémulas
de mares que rugem
em sentido inverso.
E é nesse caos
nesse vórtice de absurdos
que o desencanto renasce
ofegante
e feroz.
BL
04.05.25
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