quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Andamentos

 





Naquele lugar que marcava o estado inicial

saciávamo-nos em pulsações nervosas

deixando que o mundo fluísse

em relógios invisíveis

na clareira do tempo

que suspendo na memória.


Sem voz para cantar

até que a paisagem adormeça


calo-me agora

para que o retorno aconteça


e

na indefinição dos mundos

possa reinventar a cor


ver longe

e partir


reconhecer-me una

e voltar a ser só uma

dentro do que sobrou

e sou.


Porque

de súbito

é tangível a realidade das sombras

e ecoa

ao limiar da foz

o piano do último andamento.




BL

09.03.2010







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