De repente, um olhar enviesado
a abrir a noite. Desarrumavas sorrisos
sobre um muro clandestino
a olhar à volta
a sacudir capítulos desconexos
a ordenar a anarquia dos pensamentos
[ com tantos nomes dentro ]
Precisavas de ocupar todos os espaços da alma
por detrás de um rosto
que não é o teu. Porque o teu
é esse espaço que habitas
quando pronuncias palavras
que te são indiferentes à voz.
Opacas.
Opacas as sílabas gastas
que inutilmente emprestas
quando os teus olhos bocejantes mastigam cansaço
e esquecimento.
Não basta debruar o gesto.
[ a solidão não basta ]
No mosto
ainda frágil
de um outono indeciso
seria fácil
[ e preciso ]
deixar viver um sorriso primaveril.
Que nascesse de um quase nada
de um momento de água
ou de uma nesga de céu
o meu
a recriar o teu.
BL
25.09.13
Cada olhar a abrir a noite. Cada gesto que faz renascer o amor. É o que basta para habitar a alma.
ResponderEliminarMais um belo poema, amiga.
Beijo.
De repente
ResponderEliminarum belo quase nada