domingo, 19 de maio de 2013

Lá fora, é maio



Refém de um lado lunar,
que me prende os olhos na cal branca
da fachada centenária que desce a rua deserta,

cada passo que me leva
repisa os limites de uma folha morta,
enquanto as veias, desatinadas, explodem em gritos
de saudade e muros de melancolia
tanta.

E o céu, tão baixo, tão baixo,
a enregelar-me a pele, a circunscrever- me a visão
ao peso de tão infinitos nadas.

É domingo à tarde, num calendário afónico
e transido de medo, porque, lá fora,
é maio e a primavera canta.

BL
19.05.13

3 comentários:

  1. À revelia dos nossos sentimentos e olhares, a vida acontece. É maio e a primavera entontece.
    Lindíssimo seu poema!

    ;))

    P.S.
    Segui seu link a partir do blogue do Filipe.

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  2. Como alma enjaulada
    Um sentir negro,
    E lá fora cantam as aves, nasce o mundo.
    Enquanto aqui estou.

    Gosto tanto da tua poesia!

    Beijinhos!

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