quarta-feira, 12 de julho de 2023

Leito e margens do teu rio

 


Guardo no olhos as palavras de água

do teu silêncio

o derradeiro abraço do sorriso que me acenaste

a voz invisível dos teus lábios

que levaste na tua viajante forma de ser.

Guardo na minha pele o contorno frágil

do teu gesto sereno e quente

o sabor a mar dos últimos dias.

Guardo na primeira floração de abril

a linguagem da espera a persistir no vento

e a resistir a esta chuva miúda

que prolonga a invernia.

Guardo nas mãos as nuvens luminosas

onde te nasce o tempo

e crescem as searas

leito e margens

do teu rio.


BL

15.04.12




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