sexta-feira, 18 de outubro de 2013

No coração do silêncio



Partilhamos solidões. Saímos
pela neblina das manhãs
na memória dos rumos
que nos transportam ao coração do silêncio.

Entrelaçamos cidades

sentados na orla das imagens
que atravessam as raízes do ventre da casa.

Como se dobássemos o fio do tempo

para alimento das palavras
que enchem os olhos de verdade

quando sopros de saudade se encontram
face a face

por dentro.

Cercamo-nos da luz desprevenida
dos poentes

com os olhos a rasgarem
a convulsão dos longes

em que as horas vão gotejando.

BL

8 comentários:

  1. Os olhos também mentem
    poeta

    Já vi um cego chorar
    lágrimas vivas

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  2. Dentro do coração do silêncio, não há nenhuma verdade que não tenha sido já nomeada.
    Partilhamos solidões, sim. Por isso escrevemos outubro, e rasgamos o ventre das palavras.

    Um beijinho grande, Brigída.
    ( volto, sem nunca ter ido embora)

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  3. A luz (não fosse fragmentada) é sempre surpreendente
    quando entre o verso surge como palavra nas entrelinhas

    "Partilhamos solidões. Saímos
    pela neblina das manhãs
    na memória dos rumos"

    Bjo.

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  4. Quanta ternura vazando de suas palavras e escapando para os olhos do leitor.

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  5. Quando se partilham solidões, elas desaparecem!

    Beijinhos Marianos! :)

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