sábado, 8 de junho de 2013

Urgência




Esta manhã é uma claridade cinzenta. Talvez por isso
sejam cinzentas
ou mesmo invisíveis
as sílabas que sobram
da ausência da voz.


Nos olhos
um insondável cenário de argila
a urgência de um afago do tempo
com o sabor transparente das palavras.


Tudo quanto resta
são ecos exaustos das águas estáticas
de um mar desarticulado
onde reúnes a travessia do mundo
nessa densidade dispersa no centro de ti.


Mas p’ra lá das margens do corpo
existe ainda algum sol
entre o pousio das marés.


Na libertação do silêncio
quando as memórias tocarem as coisas simples
em que tu e eu éramos apenas nós os dois.


BL

4 comentários:

  1. Sobra uma réstia de luz que ilumina o poema.

    Muito bonito!

    Um beijo

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  2. De uma grande beleza, Brígida!

    Beijo :)

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  3. Um poema sublime, com uma intenção implícita de regresso ao ponto de partida, onde tudo era luz. No entanto há laivos que iluminam a esperança no olhar do poeta!!

    Simplesmente magnífico!

    deixo beijos!!!

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  4. Restam as memórias
    Que ecoam no silêncio da alma.

    O tempo que passou, mas não Passa.

    Os teus poemas tocam-me muito.
    Inspiram, sentem-se.

    Beijinho

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