quinta-feira, 20 de junho de 2013

Da habitabilidade dos corpos



Acredito que a palavra existe,
para lá da imobilidade do olhar,
nos momentos em que a tua voz desliza,
branda e quente, a entranhar-se
na sede das mãos. Ouço-a
e acorda-me o tempo, por baixo da pele,
num amálgama de cinzas luminosas.
Diria que, nos teus dias
de esquecimento, transportas somente
uma parte de ti e que nas veias
te cresce ainda
a árvore das boas memórias.  Porque
a carne segue raízes de sangue
e de lágrimas
e a luz brota de dentro, a refazer os corpos
em espaços habitáveis, ou a moldar
o gesto informe do silêncio.

BL

6 comentários:

  1. inabitável verso que nos corporiza
    espaço instável
    desdobrando esquecimentos
    ocultando o tempo
    numa luz-memória

    Sempre bom te ler

    Bjo.

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  2. Lindíssimo, e a imagem é tão bonita quanto o poema. :)

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  3. Olá Brígida,

    Este teu poema é comovente, diante da beleza sublime da tua poesia que

    brota de dentro,habitada no espaço-luz,expandindo o silêncio

    como gesto em palavras...

    Beijinho.

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  4. De uma grande beleza, Brígida. Adorei!

    Beijo :)

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  5. O silêncio fala
    Tem uma voz ainda que muda
    Viva,
    Que conta todos os detalhes.
    E os guarda.

    Sempre poesia, inspiradora.

    Beijinho

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