sexta-feira, 15 de março de 2013

Chove



Às vezes deixo-me nascer,
por entre os pingos da chuva
e, sonâmbula,
sair estrada fora,
no choro solitário
da contagem decrescente do tempo.


Todo o corpo me dói e ainda não sei
como diluir os ecos das primeiras águas.


Ergo castelos de areia,
com as páginas de um livro em branco,
parecem abrir-se matizes de girassóis,
hinos a rasgarem o vento
e são dos meus olhos
as nuvens que habitam o deserto.


Transformo em coração de tília
um mar desalinhado
e saboreio o toque aveludado
da primeira floração de maio,
nos degraus de um tempo a acontecer
muito longe daqui.


BL

4 comentários:

  1. Olá Brígida!
    Que bom "nascer por entre os pingos da chuva"!
    Que bom ler-te...saborear-te...verso a verso...
    Gostei muito.
    Bom fim de semana.
    M. Emília

    ResponderEliminar
  2. "e são dos meus olhos

    as nuvens que habitam o deserto."

    É muito belo este teu universo-Ser poético e adoro sempre sentir

    e ler-te.

    Um bom final de semana em matizes de girassóis!

    Beijo,Brígida.

    ResponderEliminar
  3. um renascer, por entre as tempestades

    sempre renasce o sol

    para isso é preciso a noite,
    (mas ele chega)

    como as flores que emergem no deserto.


    sempre sublime, tua poesia.

    ResponderEliminar