Os dias desdobram-se entre espirais
de cinza e de luz.
Nas árvores brotam segredos
[fora do tempo]
e os ventos atravessam ecos
de vozes indecifráveis.
Procuro-me num espelho quebrado
entre fragmentos que distorcem memórias
palavras fluem como rios sem destino
que vêm de terras que nunca vi.
A pele do mundo rasga-se em silêncios.
A luz dança
crua
inquieta
no cansaço das estrelas.
O vazio aproxima-se
tranquilo
como um lago a consumir a margem
sem pressa.
Sou um nome sem pátria
presa ao tempo
a desenhar flores nas páginas do amanhã
a procurar raízes onde o chão já se dissolveu
a tentar lembrar aquilo
que nunca esqueci.
Sou um nome que observa os passos da solidão
um nome que pertence ao instante infinito
e aos desertos que florescem
dentro de mim.
BL
11.04.25
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