sexta-feira, 11 de abril de 2025

Fora do tempo

 



Os dias desdobram-se entre espirais

de cinza e de luz.

Nas árvores brotam segredos


[fora do tempo]


e os ventos atravessam ecos

de vozes indecifráveis.


Procuro-me num espelho quebrado

entre fragmentos que distorcem memórias

palavras fluem como rios sem destino

que vêm de terras que nunca vi.


A pele do mundo rasga-se em silêncios.

A luz dança

crua

inquieta

no cansaço das estrelas.


O vazio aproxima-se

tranquilo

como um lago a consumir a margem

sem pressa.


Sou um nome sem pátria

presa ao tempo

a desenhar flores nas páginas do amanhã

a procurar raízes onde o chão já se dissolveu

a tentar lembrar aquilo

que nunca esqueci.


Sou um nome que observa os passos da solidão

um nome que pertence ao instante infinito

e aos desertos que florescem

dentro de mim.






BL

11.04.25










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