Igual a tantos dias em que passas
alheio ao nevoeiro
ao grito do chão que piso
sempre maio dentro de ti
o café da esquina já perdeu o nome
e a luz mortiça a vir lá de dentro
e a minha cabeça a ser a luz que vem lá de dentro
as vozes a esvoaçarem
a serem só uma
ou duas
todas as certezas em que eu me dividia.
Eu só queria um destino com o sol a pino
agarrei dezembro numa lareira de
cinzas apagadas
não estou a chorar
só queria ter algumas sementes guardadas
um punhado de terra
e um sol a pino
para as germinar.
BL
02.12.24