domingo, 17 de novembro de 2024

Os ramos que me crescem longe

 




É tempo de romper o barulho ensurdecedor das pedras

e ser fio de água clara

a correr no silêncio

que se desprende das nuvens;


saber ser a cor do mar

a rimar com o perfume

da madrugada;


semear no vento a voz das marés

a acordar cá dentro

a loucura dos pássaros adormecidos

a calar os uivos feridos do deserto;


escrever horizontes no interior da noite

o poema

a inventar paisagens

em dias de palavras

impossíveis.


Para que o pôr do sol

seja uma manhã inteira

e os ramos que me nasceram

de entranhas de linho

e de fogo

e me crescem longe

floresçam

terra e semente

nos girassóis que plantei

no chão que me habita a casa.





BL

06.04.12








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