Descansa; já aprendi.
Ensinaste-me a não chorar por ti
e a olhar o partir e o chegar
como quem espera pelo tempo sentada na soleira da porta.
Ensinaste-me a preencher os espaços vazios dentro dos meus olhos
quando, às cegas,
percorro aquilo que já não consigo encontrar
dentro de mim.
Mas isso, eu não aprendi.
Continuo a pôr-me em bicos dos pés
para tentar segurar as paredes do tempo.
De vez em quando
ensaio um sorriso ao silêncio,
sempre ocupado ali no canto mais distante da sala
como se esperasse um buraco a abrir-se no chão
para se desfazer em pó.
Ensinaste-me também
que a solidão pode ser abrir uma porta
e encontrar quilómetros e quilómetros de janelas
e que eu poderia ser metade delas
abertas.
Mas isso, eu também ainda não aprendi.
BL
05.08.13