terça-feira, 16 de julho de 2024

Eclipse da sintaxe

 




Não, não esqueço os

fantasmas da loucura. Que seria

dizias.


Sem adversativas nem transgressão

cabia-me a esperança translúcida

da inocência.


Atava nós de paixão na pulsação

das veias

os olhos a mergulharem

no reflexo ilusório da

utopia.


Eclipse da sintaxe

no avesso dos espelhos. E tu

no teclado

neste excesso de vazios.


Sobras de quase nada

no silêncio confessional do poema.




BL

16.07.24








quarta-feira, 3 de julho de 2024

Cruzo-me com cidades a ficarem para trás

 







Sonhava-me vida

e semente

daquilo que queria ser para sempre

a germinar em mim.


Talvez tenha esquecido os verbos

a conjugarem visões do futuro

ou a tinta me tenha secado nos dedos.


Abro o dicionário das sombras esguias

a projetarem a estrada


sem pés que calquem o pó

ou pontes de fogo que irradiem

dos oceanos.


Cruzo-me com cidades a ficarem para trás

esqueço a rota das aves

que viajam com a geografia do vento.


De que cores pinto os dias

que pingam dos céus?


O tempo esqueceu as campainhas noturnas

onde se abriam paisagens

em que a vida me bastava:

esta que me atravessa

e me é distância.





BL

03.07.24