Carregado de dores saiu
de casa
o cão pela trela.
Queria encontrar folhas
vivas onde desenhar palavras
pontes de mãos estendidas.
Poderia até encontrar árvores
atravessadas de luz
ou um pedaço de céu
que lhe fosse asa
ou bússola.
Percorreu duas ou três ruas
cruzou-se com quase ninguém.
Não viu árvores nos passeios
nem reparou no chão
coberto de folhas.
Não encontrou palavras
nos rostos das pessoas.
O cão levou-o de regresso
a casa
alto magro mãos nos bolsos
vazios de palavras
o olhar coberto de nuvens cinzentas
perdido de si.
BL
05.12.23
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