sexta-feira, 16 de junho de 2023

As rugas da vidraça

 


Estremeço ao aproximar do crepúsculo

a passar

rente aos meus olhos de bruma

há um espasmo líquido

debaixo da pele

um eco

a deixar um rasto de gelo.


Poderia ser então o murmúrio triste

da chuva

uma réstia impura da memória

o entrelaçar dos tempos

da partida

da chegada

as cicatrizes nos dedos

uma silhueta anónima.


Vacilo na viagem

ao interior da lágrima

fendas nas veias

o rasgar da folha

a dor em grito

no cerrar das pálpebras

o dia a soluçar

em gotas de melancolia

a

p

i

n

g

a

r

nas rugas da vidraça.


BL

01.04.12







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