terça-feira, 20 de setembro de 2022

No silêncio que me digo






Digo-me do silêncio das árvores 

de um céu pintado de frutos e de cores que não chegaram

a amanhecer


de navios carregados de monólogos surdos

cúmplices dos sonhos 

e das esperanças

que em cinzas caíram a meus pés

sussurrando vozes perdidas no cais


de esboços e representações

memórias de súplicas

e de soluços

irónicas sedas nos meus areais.


E no silêncio que me digo entendo

a interdita agonia das pétalas

e dos corais


a indefinível distância dos recantos

onde nasci onde morri

e hoje sou

um tudo nada

dentro de mim.




BL

20.12.2010










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