quinta-feira, 14 de abril de 2022

Secam-lhe as árvores

 


Estremece à incerteza das águas

no soluço dos poentes.

Pouco sabe dos segredos de cada hora

ou da geografia irrecuperável do derradeiro sol.

Asas voláteis navegam-lhe as veias

e na brevidade dos dias escorre uma lava

acesa de palavras.

Vozes e cinzas permanecem inteiras

ainda que sejam efémeras

as sementes que lhe vivem no olhar.

Secam-lhe as árvores

no voo transitório das brisas

de uma janela de mar.

Acostada ao tempo

é um vulto

um silêncio retraído

a febre que dói

na soleira do precipício em que em sede se afoga.



BL

14.04.22








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