quarta-feira, 2 de março de 2022

Parede de sangue

 

A inocência perdida numa parede de sangue.

A alma a respirar a noite profunda

no esforço de combater a morte.

O olhar

líquido

parado lá atrás

na contemplação do amor aberto aos gemidos da terra.

Pássaros perdidos

a procurarem entender o que está

para além da sua ausência.

Nas mãos

o silêncio.

O silêncio iluminado de um coração de pretéritos

ou o silêncio náufrago do inverno incisivo do futuro.


Tantos olhos

para onde nenhum barco regressa.


BL

01.03.22








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