domingo, 25 de abril de 2021

Na reinvenção da voz

 


A ventania tolhe a memória

recolhida na linha do arvoredo. Mas as minhas mãos errantes

disfarçam marasmos entorpecidos

enganam fins-de-tarde

dissolvidos no inverno do olhar.


Sorvem o livre movimento das ervas

de onde se ergue a lonjura do tempo

e horizontes antigos abrem-me no corpo

a brevidade do sonho

ou do esquecimento.


Como um silêncio antigo

à procura da sílaba exata na dança dos pássaros

refaço a voz na reinvenção das horas


e vou inscrevendo o crepúsculo e ramos

despidos

nas raízes dos afetos

que me prendem

ao azul inicial da palavra.


BL

01.02.14


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