terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Digo-te de nós

Digo-te ainda
de um tempo feito de luas transparentes
e anseios de abril


de um mar exato de águas repousadas
que me abrigava
na claridade dos teus silêncios


digo-te da sede
que em mim bebia o fogo das alvoradas
e acordava rituais
de sementes inebriantes.


Digo-te de mim

de olhos que ardem rios de sal
que não secaram o bastante
para respirar


da ilusão que afaga as incertezas
de uma rocha poente
e inventa remendos flutuantes
em margens transbordantes e desertas.

                      
Digo-me
a mim
de um tempo paciente
incompleto
em aberto    sem memória.



BL

Sem comentários:

Enviar um comentário