quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

As margens nuas do meu rio

Chegam as neblinas
sem palavras e a brancura

derrama-se na manhã, convoca a melancolia
dispersa em cristais de pureza.

Sou viajante no vento
a rasgar o fecundo silêncio

que descortina o sentido de cumes e declives
entre a luz primordial
e teias de solidão.

Sorvo de um só trago
o afeto doce e quente de pensamentos

que ficaram cravados nos tempos por onde passei.

Neles me circundei de verdades e medos

e nos atalhos que entre eles nasceram
agora escrevo
as marcas de um sonho

que nos olhos transportou o desespero
e nos lábios ancorou um verde frio

e por pudor recuou
nas margens nuas do meu rio.


Brígida Luz

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