segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Declino me


O lápis a repousar

na distância.

Na brancura do lugar

ou na limpidez da voz.



Há palavras que se movem

nas paredes

e guardam os dias em que acreditei

no perfil eterno do mar.



Sei que não devo pensar

nas raízes da árvore antiga



ou no silêncio

do lume inteiro no inverno.



Mantenho-me à tona de mim



pronta para a floração

dos barcos que partiram



entregue à claridade mansa

que rodeia as águas que correm.



BL

3 comentários:

  1. Excelente poema, amiga. Se as águas continuam a correr pela limpidez da voz, que mais acrescentar?
    Beijo.

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  2. Improváveis somos todos nós
    um rio com duas margens
    firmes na espuma das águas
    quando um belo barco passa
    à sombra das pontes
    por uma nesga de sol

    Bj

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  3. Lindo! lembrei de um trecho da música de Caetano: Terceira margem do rio
    A Água da palavra
    Água calada, pura
    Água da palavra
    Água de rosa dura
    Proa da palavra
    Duro silêncio, nosso pai

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