sábado, 16 de novembro de 2013

Irreversivelmente

Deixar então os olhos quebrados
num tempo em que permaneço
como um rio que em si mesmo se reflete
ou um perfil balouçando nas páginas
intemporais da memória.

Aceitar os aromas e os sons líquidos
de pétalas ou ilusão
gavetas entreabertas
purificadas p’lo regaço pleno
do silêncio.

Respirar o irreconhecível
responder ao apelo de um tempo sem contagem decrescente
a fluir para além dos limites
das imagens que me tardam.

Partir
com o gesto circular de um adeus
ao caminho por onde
a cada instante
irreversivelmente regresso.

BL

3 comentários:

  1. Acolher o verso quebrado na partida circular
    na irreversível forma de uma numeração decrescente
    na ausência de um gesto que agora se inscreve memória

    Belo, sempre

    Bjo.

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