Um dia
quando os espelhos deixarem de reconhecer os rostos
e os dias forem apenas ecos de passos antigos
hei de guardar um gesto intacto
para consolar os lugares onde nunca estivemos.
Então
talvez entenda os olhos que se fecham
antes de ver o mar
e os corpos que se deitam
como se esperassem por uma estação que não vem.
Há memórias que se desfazem sem dor
como a poeira nas asas de um inseto
ou o som que se perde
numa casa sem janelas.
BL
27.10.25
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