segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Enquanto a poesia não vier






Há no vento um silêncio de neblinas

um silêncio invisível

nos arbustos da manhã


uma canção impossível

de eternas borboletas

a renascer-me na pele

em imagens sobrepostas.


Entreabro a janela

enfrento os silêncios de dentro

arrumo sombras

e lágrimas uterinas.


Até ao anoitecer

enquanto a poesia não vier

caio em gotas de água fria

os dedos entrelaçados na valsa do vento

os olhos a caminharem sobre o tempo


como se nunca fossem chegar.



BL

14.06.12













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