domingo, 20 de novembro de 2022

Ébrios de mar

 




Cantam os rios
ébrios de mar.

Hão de marear
_ digo-lhes eu _

Hão de flutuar
os rios. Erguer-se do silêncio
e partir
no círculo mais alargado
da vertigem.

Hão de olhar para trás
os rios
os dedos hesitantes estendidos para dentro
dos nomes
amarrados às margens.

Olhares que o coração não detém.

Hão de cair
desgovernados
os rios. Como folhas de outono
que sempre se anunciarão banhadas de amanhãs
diante da primavera.

Chegam e partem
as estações

e os rios
perdidos de ébrios
em busca do vento novo que lhes circula
nas palmas das mãos.

Vão marear
os rios.

Hão de voltar
_ digo-te eu _

ébrios de espanto e de encanto e de memórias.



BL

2014







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